Com Pitty, Karol Conka, Luedji Luna, Flora Matos e Alice Caymmi entre os destaques, WME 2018 reúne quase 6 mil pessoas espalhadas entre painéis, workshops, festas e shows

Com Pitty, Karol Conka, Luedji Luna, Flora Matos e Alice Caymmi entre os destaques, WME 2018 reúne quase 6 mil pessoas espalhadas entre painéis, workshops, festas e shows

Texto Stefanie Gaspar e Claudia Assef
Fotos Anna Mascarenhas, Helena Wolfenson e Camila Svenson

Foi um fim de semana de fortes emoções para quem esteve nos eventos da segunda edição do Women’s Music Event, que teve sua espinha dorsal, com painéis, workshops e shows, realizada no Centro Cultural São Paulo nos dias 16 e 17. O evento reuniu quase 100 mulheres de todos os segmentos da música para fomentar conhecimento e abrir novos caminhos para a inclusão no mercado, na sociedade e na política. Sob forte impacto pelo assassinato da deputada Marielle Franco, do PSOL, que foi lembrada em muitos momentos do evento, por artistas como Pitty, Luedji Luna, Luiza Lian e Karol Conka, o WME amplificou o protagonismo de mulheres e apresentou ao mercado musical profissionais questões que representam o presente e o futuro da música no Brasil.

Ao longo dos dois dias de conferência, mais de 1.000 pessoas circularam entre os 13 painéis, 7 workshops e quatro shows gratuitos! Foram debatidos temas como o mercado publicitário, o vício em tecnologias como o smartphone, o crescimento do rap no mainstream, o processo de criar um álbum em um mundo pós-gravadoras, plataformas de streaming, influenciadores digitais, entre outros temas atualíssimos do mercado. Nos workshops, o público pôde se aventurar em aulas de beatmaking, discotecagem, gestão de carreira, segurança digital, potencialização de ganhos no mercado da música, editais e stage management.

A DJ Ingrid, da D-Edge College, durante seu workshop de discotecagem no WME 2018

Nos shows, houve apresentações emocionantes de artistas essenciais na música brasileira hoje, como Alice Caymmi, Far from Alaska, Luiza Lian, Flora Matos, Nina Becker, Luedji Luna, Karol Conká, Lurdez da Luz, Mariana Mello, Drik Barbosa, Clara Lima e a DJ Mayra Maldjian, além de uma festa de música eletrônica onde tocaram as DJs Paula Chalup, Marina Dias e a argentina Ana Helder.

A Sala Adoniran Barbosa recebeu boa parte dos painéis e foi palco para os quatro shows gratuitos do WME 2018

WME DIA 1

O primeiro dia já começou com assunto quente: o painel Hashtag Publi: os limites do casamento entre marcas e influenciadores, com a participação de Raquel Virgínia e Assucena Assucena, da banda As Bahias e a Cozinha Mineira, Bia Granja e Mariana Aydar, com mediação de Fatima Pissarra.

Para uma plateia lotada, Assucena explicou a importância de as marcas abraçarem artistas que fogem do conceito tradicional de beleza, fomentando uma ideia mais múltipla do que é ser aceito. “É importante que as marcas falem sobre novos conceitos de beleza, coloquem uma trans, uma mulher negra, uma mulher que tem outra fala, outra história, na capa da revista, na frente do comercial do produto. Essa validação é importante porque as pessoas acompanham e adotam o que é dito por uma marca famosa”, explicou a cantora e compositora. “Você vê que as cervejarias estão mudando, por exemplo, radicalmente a ideia de mulher que sempre tiveram. Existe uma mudança de paradigma, parte disso pela cobrança dos movimentos sociais”, completou Raquel.

Em seguida, o painel MOTOROLA apresenta: Você é do mundo, não do smartphone, com presença de Lorena Calabria, Renata Altenfelder, Tássia Reis e Karina Oliani, com mediação de Claudia Assef, analisou as vantagens e desvantagens de um mundo ultraconectado, no qual não fazemos praticamente nada sem um telefone na mão. “Pode parecer ruim passar o dia conectado, mas pra mim, que sou artista independente e fiz minha carreira a partir do impulso da internet, pode ser uma coisa boa. A gente consegue atingir muita gente, é importante principalmente para artistas periféricos”, explicou Tássia Reis. Entre o público, as perguntas foram sobre as dificuldades de se manter uma vida privada em tempos de internet até dicas de como impulsionar uma carreira na música por meio do digital.

Claudia Assef mediando o painel que teve participação de Tássia Reis, Renata Altenfelder, Karina Oliani e Lorena Calabria

Outro momento importante do primeiro dia de conferência foi o painel Rap: Como um movimento que nasceu no gueto se consolidou como uma das maiores forças da música pop. O papo contou com Karol Conká, Eliane Dias, Daniela Rodrigues e Nicole Balestro, com mediação de Lulie Macedo, e emocionou o público com a menção da empresária e advogada Eliane Dias (Boogie Naipe) ao assassinato de Marielle. “A manifestação que tivemos ontem na Avenida Paulista e as demais espalhadas pelo Brasil mostraram que a massa negra que milita é uma massa negra que consome, que não pode ser ignorada nunca. Acendeu uma luz ali. Esse povo, todo sabe o que quer, e a força do rap chega nesse contexto de consciência política, social e de mercado”.

Lulie Macedo (de costas), Eliane Dias, Nicole Balestro, Daniela Rodrigues e Karol Conka falam sobre rap no WME 2018

A empresária do Racionais MC salientou a importância de compreender que o rap, também feito por mulheres e com artistas mulheres, sempre existiu e sempre foi forte no cenário brasileiro. O que mudou foi a descoberta do mainstream de que este mercado é lucrativo. “Houve um enfrentamento muito grande da respeitabilidade de entender o rap como porta-voz de uma cultura. Essa coisa de vir de lugares que ninguém esperava nos deu base. A gente sabe o que quer e pra onde vai. Estamos aqui, empresárias do rap, tornando esse mercado mais profissional. Perceberam que o negro é 52% da população, e que consumimos e muito”, concluiu.

Falando mais sobre o empoderamento feminino em um mundo tão tradicionalmente masculino, Karol Conka explicou que é hora da mulher tomar para si o protagonismo que sempre lhe foi negado historicamente. “Falam que a mulher negra não pode isso, não pode aquilo, pois eu digo pra todo mundo: eu sou preta e sou foda. Sou linda, faço questão de dizer, ainda mais em um mundo no qual ser negra e maravilhosa sempre nos foi negado”. Sob aplausos, as mulheres da mesa novamente agradeceram o trabalho de ativistas negras como Marielle Franco, e garantiram que o trabalho está só começando.

MADRINHA WME 2018

A madrinha Pitty não conseguiu conter a emoção quando falou de Marielle Franco e chorou

Marielle também foi lembrada no painel com a cantora Pitty, que contou ao público sobre as dificuldades de ser mulher em meio ao mundo do hardcore de Salvador. “Me senti até fútil saindo de casa e pensando em falar em um painel sobre mim depois de tudo que tinha acontecido, com Marielle, com o assassinato de uma voz de uma mulher. Mas pensei que é importante continuarmos falando e compartilhando nossas histórias. Faço questão de estar aqui e dizer que sou cantora e compositora, para marcar e acabar com essa herança história de silenciar mulheres”, explicou a cantora.

“Um grande obstáculo do qual me recordo foi o desafio de subir num palco e ser escutada e não vista. Sempre teve o fetiche da mulher na banda de rock, e isso sempre me incomodou. Na década de 90, na cena do hardcore em Salvador, a minha estratégia era me masculinizar. A frase da Simone de Beauvoir me fez todo o sentido, de não nascer mulher, de se tornar mulher. Hoje eu já tenho mais conforto de poder subir num palco de saia e fazer o que eu quiser”, completou Pitty, que também comentou com o público sobre seu processo criativo e novo álbum de estúdio, que chega ainda em 2018. A artista também aproveitou para anunciar o lançamento do documentário Do Ventre à Volta, que conta seu retorno aos palcos e estúdio após o nascimento de sua filha.

O showzaço de Alice Caymmi empolgou tanto que acabou sendo “invadido” por crianças da plateia

O dia encerrou com o show catártico de Alice Caymmi, apresentando o repertório cheio de força de Alice. Assim como aconteceu ano passado no WME, no show da cantora Tiê, crianças invadiram o palco e roubaram a cena num momento explosão de fofura. Luna (8), Maia (6) e Malu (3), filhas das sócias do WME, subiram ao palco para cantar Princesa, junto com Alice.

Nina Becker encerra a programação noturna do primeiro dia do WME 2018

Em seguida, a banda Far from Alaska mostrou seu rock pesado para o CCSP lotado, repleto de fãs de seu som stoner rock. Na programação da noite, Nina Becker e Luedji Luna apresentaram as canções de seus álbuns mais recentes, em uma programação especial do WME na Jazz Nos Fundos, que reuniu mais de 300 pessoas. Destaque para o discurso emocionado de Luedji Luna, que deixou muita gente com lágrimas nos olhos.

No final do painel sobre Direito Autoral, teve Parabéns a Você para Tiê – este é segundo aniversário que ela passa no WME

WME DIA 2

Buscando compartilhar conhecimentos mais específicos sobre direito autoral e música na era da internet, o dia começou com o painel Direito Autoral: Como determinar a autoria de uma música? Compositoras, letristas, quem deve receber pelos direitos de uma canção?. A mesa, com Kamilla Fialho, Angela Johansen, Lisiane Pratti e Tiê, com mediação de Guta Braga, mostrou ao público como a divisão de direitos autorais é um assunto complexo e subjetivo.

“Eu divido igualmente, mesmo que a pessoa no caso tenha me dado apenas uma ideia ou uma frase que tenha gerado a música. Acho que o mais importante para qualquer artista jovem é pensar em sua própria maneira de dividir os direitos de suas faixas, e contratar uma equipe capaz e competente que consiga lidar com as leis de direito autoral para que ninguém tenha problemas no futuro”, explicou Tiê, que respondeu dúvidas do público sobre direitos autorais, divisão de royalties e parcerias com músicos, produtores e diretores artísticos.

Em seguida, a mesa SKOL apresenta: A Lei do Retorno tratou de como as marcas podem e devem auxiliar o mercado musical a crescer de maneira autoral e, ainda assim, manter a independência. A mesa contou com Adriana Molari (Skol), Karen Cunha, Dai Dias e Cris Falcão. Dai, do festival Bananada, explicou ao público que o mais importante em qualquer parceria com marcas é a questão da continuidade. “Para mudar essa realidade, precisamos de investimento das marcas de forma contínua, para que um trabalho não seja interrompido no meio do caminho, e os festivais e artistas fiquem sem entender como viabilizar suas estruturas”.

Em outra mesa aplaudida da tarde, Elka Andrello, Vera Egito, Joana Mazzucchelli, Barbara Ohana e Renata Simões conversaram sobre o papel do audiovisual no mercado musical atual. Vera Egito explicou ao público que a representatividade da mulher só vai aumentar quando existir uma correção em relação à injustiça histórica que sempre bloqueou a presença de profissionais mulheres dentro do cenário musical: “Lógico que existe mulher foda VJ, eletricista, diretora de clipes, o que ela não tem é historicamente espaço para ter um currículo e a experiência que merece por causa do preconceito e da exclusão. Essa mulher é tão talentosa quanto um homem, então é uma questão do mercado abrir as portas não pensando só em currículo, e sim nessa justiça social, nesses talentos que vão além do currículo apenas”.

O dia contou também com o painel Branding: Os segredos por trás da construção da imagem e styling dos artistas e discussões sobre a equipe técnica feminina por trás de eventos e festivais, além de um papo sobre o papel dos influenciadores digitais que contou com participação de nomes quentíssimos da internet: Flávia Durante, Preta Rara, Ellen Milgrau e Marina Dias, com mediação da jornalista e RP Manuela Rahal.

Flora Matos fez um show bombástico mostrando as músicas de seu novo álbum, Eletrocardiograma

Fechando a noite, Luiza Lian apresentou o onírico e delicado repertório de Oyá Tempo, e logo em seguida o CCSP veio abaixo com a apresentação da rapper Flora Matos, que apresentou seu aguardado novo disco, Eletrocardiograma.

O WME 2018 não teria sido possível a figura do patrocinador e dos apoiadores, que trouxeram ativações incríveis para o espaço do CCSP. Com patrocínio master da marca Quem Disse Berenice?, pertencente ao Grupo Boticário, o projeto, contemplado pelo Programa de Ação Cultural – ProAC, ainda teve apoio das marcas Skol, Motorola, TNT Energy Drink, Absolut, eQlibri, UBC, Jameson, Universa (UOL) e parcerias com Sympla, Levi’s, Habro Music e Cremme com realização de MD/Agency, Music Non Stop, Centro Cultural São Paulo, Edital de Apoio à Criação Artística, Linguagem Música, Prefeitura de São Paulo e Governo do Estado de SP.

O aumento de cerca de 60% da adesão de marcas em relação à primeira edição consolida o WME como referência no assunto e atrai cada vez mais empresas que acreditam na força atuante da mulher inserida na indústria musical brasileira.

SÁBADO ELETRÔNICO, DOMINGO BOMBÁSTICO

A DJ Marina Dias, residente do Clube Jerome, abriu os trabalhos na festa de música eletrônica do WME 2018

A noite de sábado levou os mais animados ao Clube Jerome para dançar ao som de três superDJs. Marina Dias, residente dos sábados no clube, foi encarregada da abrir os trabalhos e preparou a pista para a argentina Ana Helder. A paulista Paula Chalup mostrou a experiência de quem acumula 20 anos de carreira fazendo um set maravilhoso até o encerramento da festa.

No domingo, o dia amanheceu perfeito para uma festa na rua. E assim foi. A tarde começou com o som ensolarado do Bloco Pagu, que apresentou seu repertório de pérolas da música brasileira temperadas com seu tradicional molho carnavalesco e feminista. Foi o jeito perfeito de começar a festança, com sons de Rita Lee, Marina Lima, Elza Soares, Elis Regina, entre outras cantoras, tudo isso na rua, em frente às casinhas do House of All.

O Bloco Pagu apresentou seu repertório chic de cantoras de várias gerações da música brasileira

A tarde seguiu animada com o início das apresentações do time de cantoras que foi escolhido para fechar os trabalhos do WME 2018 com a energia vibrante do rap. A primeira a se apresentar na vitrine da House of Food foi Drik Barbosa, do Rimas & Melodias, mostrando sua força e afinação. Em seguida, Mari Mello chegou apresentando letras ferozes e seu jeito marrento de cantar; quebrou tudo!

Karol Conka: já que era pra tombar… mais de 4.000 pessoas foram à festa de encerramento do WME 2018

Em seguida, Clara Lima trouxe sua consciência política em rimas ferozes, já para uma plateia que não cabia na foto. Lurdez da Luz trouxe mostrou seu domínio de palco com a experiência de quem está há anos na estrada, abrindo perfeitamente para Karol Conka tomar o palco e tombar com tudo. Àquela altura, por volta das 19h40, já éramos cerca de 4.000 em torno da House of Bubbles. Se teve hit da Mamacita? De Lalá a Tombei, ela presenteou quem estava ali com quase todos. Teve menção emocionada à Marielle Franco também, claro. E muitos recados sobre união e a importância do debate sobre a presença da mulher na música. Foi lindo. A saideira ficou com o DJ set da talentosa Mayra Maldijan, que tocou dentro da House of Bubbles, um repertório fino e rebolativo.

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Mostra SÊLA traz shows de Bárbara Eugênia, Soledad e Danna Lisboa

Mostra SÊLA traz shows de Bárbara Eugênia, Soledad e Danna Lisboa

Em comemoração ao mês da mulher, o coletivo SÊLA – Música é Lugar de Mulher promove em São Paulo neste domingo (11) sua segunda mostra cheia de shows com minas incríveis da cena autoral brasileira. Entre os shows, Bárbara Eugênia comemora dez anos de carreira e convida a cantora e atriz cearense Soledad, que lançou em janeiro deste ano seu álbum de estreia. Danna Lisboa, que ficou conhecida como uma das minas dançarinas do clipe “Tombei”, de Karol Conká, canta contra a transfobia ao lado de Sistah Chili, que já soma 13 anos de carreira.

A estreante Bia Ferreira é outro destaque da programação, cantando sobre o direito de lugar de fala da mulher negra e a importância da ancestralidade. A cantora convida ao palco Thata Alves.

O evento também conta com mulheres como Luiza Brina, Sara Não Tem Nome, Maria Beraldo, Laura Diaz e as sambistas Loreta Colucci e Dessa Brandão. Veja abaixo a programação completa.

Shows (40 minutos cada) – Apresentações musicais que 2018 precisa rever
– Bárbara Eugênia part. Soledad
– Danna Lisboa part. Sistah Chilli
– Bia Ferreira part. Thata Alves

Dose Dupla (10 minutos cada) – Duplas inusitadas que se encontraram em meio a seus processos
– Luiza Brina e Sara Não Tem Nome
– Maria Beraldo e Laura Diaz
– Loreta Colucci e Dessa Brandão

Mostra SÊLA – Música é Lugar de Mulher! – segunda edição
Participações: Bárbara Eugênia, Bia Ferreira, Danna Lisboa, Soledad, Sistah Chilli, Thata Alves, Luiza Brina, Maria Beraldo, Loreta Colucci, Sara Não Tem Nome, Laura Diaz e Dessa Brandão
Quando: domingo, 11 de março, às 20h30
Abertura da Casa: 19h
Ingressos: https://goo.gl/NzPNq9
Meia-entrada para todos os setores
Pista: R$ 40 (lote 1), R$ 60 (lote 2) e R$ 70 (lote 3)
Lotação para este show: 710 lugares
Classificação etária: 12 anos (menor de 12 acompanhado pelos pais ou responsáveis)
Página do evento: www.facebook.com/events/1785656501740635

Casa Natura Musical
Rua Artur de Azevedo, 2134, Pinheiros, São Paulo
Ingressos sem taxa de conveniência na bilheteria da Casa
Horário da bilheteria: todos os dias, das 12h às 20h (dinheiro, CC e cartão de débito)
Vendas de ingressos: Eventim
SAC Eventim: 4003-6860, das 11h às 17h, de segunda a sexta-feira
Vendas para pessoas com deficiência: 4003-6860
www.eventim.com.br

WME Awards by VEVO foi uma noite de empoderamento e união entre as mulheres da música

WME Awards by VEVO foi uma noite de empoderamento e união entre as mulheres da música

Pra começar este texto sobre a noite de terça (28), quando o primeiro WME Awards by VEVO ganhou vida, após seis meses de planejamento e trabalho, a descrição da cena abaixo cai muito bem: 

Quase final da premiação, Karol Conka sobe ao palco do WME Awards e fala ao microfone: “Vem, amigas”. 

Pitty, Karol e Tássia <3
Pitty, Karol e Tássia <3

Foram entrando Preta Gil, Raquel Virgínia, Assucena Assucena, e então Tássia Reis chega ao centro do palco e começa a improvisar sobre uma cama musical feita ao vivo pela banda formada só por mulheres:

“As mina rima, risca, dança, grafita, não se limita e tem macho que chora e se irrita. Escreve, produz, filma, edita, e ainda bate de frente com quem desacredita. Vai vendo a fita que a gente enfrenta todo dia, mas minha voz milita e ecoa nas periferias.”


Só então a guitarrista Monica Agena solta o riff de Lança Perfume, música que encerraria o Prêmio WME com um time da pesada no palco. Além das cantoras já citadas e da banda, formada por Lan Lanh, Simone Sou, Lana Ferreira e Anna Tréa, além de Monica, a baiana Pitty, que assistia a tudo da primeira fila da plateia acabou se rendendo ao chamado das amigas e subiu ao palco pra cantar com elas a homenagem à Rita Lee.

Você quer uma noite de poder? Então toma: Bahias, Pitty, Tássia, Preta e Karol Conka no palco
Você quer uma noite de poder? Então toma: Bahias, Karol Conka, Tássia e Preta cantando Lança Perfume, de Rita Lee

Essa foi a tônica da noite. Durante quase uma hora e meia de premiação, o que mais se viu foram mulheres torcendo por mulheres. Profissionais das mais diversas áreas da indústria musical estiveram lado a lado numa noite em que o espírito de participação e de pertencimento suplementou qualquer sombra de vibe de competição. O que se viu foram manas apoiando manas. Mulheres aplicando a tal da sororidade em doses elevadas. 

Preta Gil, a grande comandante da noite, soube dar o tom de humor e sororidade com maestria
Preta Gil, a grande comandante da noite, soube dar o tom de humor e sororidade com maestria

E momentos de muita emoção não faltaram. Logo no início da premiação fomos surpreendidas pela chegada de Elza Soares, que caminhava com dificuldade, amparada por seus assessores, por conta de uma cirurgia recente. Ela fez questão de estar na premiação e fez questão de se sentar ao lado de Pitty, com quem protagonizou outra cena para corações fortes, um dueto de Na Pele, improvisado na plateia, logo após terem recebido o prêmio de Melhor Videoclipe. 

premio-pitty

Conduzido com naturalidade e muito bom humor pela brilhante Preta Gil,  o prêmio teve participações especiais de diversas convidadas, entre elas Karol Conka, vencedora de dois prêmios (Melhor Música e Melhor Cantora), Marina Lima, As Bahias e a Cozinha Mineira, Sarah OliveiraThaynara OG, Mulher Pepita, Manu Gavassi, Ellen MilgrauTássia Reis, Bia Boca Rosa Mariana Saad, além de Fátima Pissarra e Claudia Assef, organizadoras que também apresentaram categorias. 

Karina Buhr acompanhada por Simone Sou, Lan Lanh e Anna Trea: peso no batuque e na mensagem
Karina Buhr acompanhada por Simone Sou, Lan Lanh e Anna Trea: peso no batuque e na mensagem

E já que era um prêmio de música não faltam shows incríveis pontuando a noite. Abrindo com Daniela Mercury cantando sua versão de Banzeiro, de Dona Onete, (Daniela gravou sua participação no ensaio durante a tarde, pois teve que voltar para Salvador devido a uma morte em família), a noite teve apresentações das Bahias e a Cozinha Mineira, da própria Preta Gil, cantando o hit recente Vá Se Benzer, Karina Buhr com sua maravilhosa poesia feminista em Selvática (acompanhada pelos tambores de Lan Lanh, Simone Sou e Anna Tréa), além das homenagens a dona Helena Meirelles, que teve a faixa Guaxo tocada com maestria por Monica Agena, e Rita Lee, que foi celebrada ao final da premiação com uma farra de cantoras interpretando Lança Perfume

O anel Ella, by Beatriz Brennheinsein, e o troféu em forma de seio, criado pelo Estúdio Pum
O anel Ella, by Beatriz Brennheinsein, e o troféu em forma de seio, criado pelo Estúdio Pum

Sobre o prêmio em si, vale um parêntese. Desenvolvido pelo Estúdio Pum, ele simboliza um seio, feio em mármore e madeira. Como acompanhamento para o troféu, o anel ELLA, desenvolvido pela designer de joias Beatriz Brennheinsein, era a concretização do elo entre as mulheres que estará a partir de agora visível nas mãos das vencedoras. 

Eliane Dias recebendo o prêmio de Melhor Empreendedora Musical
Eliane Dias recebendo o prêmio de Melhor Empreendedora Musical

Entre tantos discursos fortes, um dos mais marcantes foi o de Vera Egito, vencedora na categoria Melhor Diretora de Videoclipe: “nós não competimos umas com as outras, manas, nós nos fortacelemos”. É isso, Vera. Pra que perdeu esta festa da música brasileira que celebrou o feminino, basta clicar no link abaixo e curtir a íntegra da premiação. 

 

Aproveitamos para agradecer a nossos patrocinadores e apoiadores Niely, TNT, Jameson, Bueno Vinhos, Petybon, Beatriz Brennheisen e Mica e felicitamos não só as vencedoras mas todas as indicadas ao WME Awards by VEVO 2017. Sim, porque este foi apenas o primeiro ano de muitos. Como disse Karina Buhr antes de começar seu número, também temos fé que um dia ser mulher seja algo normal. Mas até lá, tem muito trabalho pela frente. Até 2018!

CONHEÇA AS VENDEDORAS DO WME AWARDS BY VEVO 2017

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Karol Conká, Tássia Reis, Carol Mattos e WME estão entre as atrações do incrível MecaInhotim 2017

Karol Conká, Tássia Reis, Carol Mattos e WME estão entre as atrações do incrível MecaInhotim 2017

Imagina assistir a shows maravilhosos, participar de talks instigantes, aprender coisas novas e legais em workshops e no meio disso tudo dar um mergulho num vastíssimo acervo de arte contemporânea produzida por alguns dos artistas mais renomados do planeta? Se essa ideia acendeu uma lâmpada na sua cabeça, faça como a gente aqui do Women’s Music Event e venha neste fim de semana (7 a 9) para o MecaInhotim. 

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O evento, que combina shows, palestras, workshops e performances, fará sua segunda edição no maior museu a céu aberto da América Latina, o estonteante Instituto Inhotim, que reúne, além de uma paisagem de tirar o fôlego tanto de gringos quanto de brasileiros, obras de artistas como Tunga, Cildo Meireles, Chris Burden, Yayoi Kusama, Matthew Barney, Hélio Oiticica… a lista é imensa e cheia de estrelas do mundo das artes. 

O Women’s Music Event foi convidado para integrar a programação de talks do MecaInhotim 2017, ao lado de empreendedores como João Cavalcanti, cofundador da BOX 1824, Barbara Soalheiro, idealizadora da consultoria Mesa & Cadeira, Gabriel Klein (Vice Brasil) e Lourenço Bustani (Mandalah), entre outros.

Claudia Assef e Monique Dardenne do WME
Claudia Assef e Monique Dardenne: no MECAInhotim para falar da experiência transformadora do WME 

Iremos levar ao MECAInhotim um pouco do que foi a experiência transformadora do Women’s Music Event 2017, que em março deste ano reuniu cerca de 100 mulheres do mais diversos universos da indústria da música em dois dias de debates, workshops, shows e festas. 

WME 2017 AFTERMOVIE

O talk do WME enfocará a música como forma de quebrar paradigmas já tão sedimentados nas nossas cabeças e destruir a ideias pré-concebidas sobre o papel da mulher na indústria musical. Nos dois dias da primeira edição do WME, CEOs de empresas, rappers, roadies, técnicas de som, cantoras pop e DJs não precisaram de legendas para entender a importância do protagonismo de cada uma delas nesse cenário. Mesmo com backgrounds tão diferentes, a música foi capaz de unir, de conectar e, claro, empoderar. 

Além dos altos papos e das obras de arte, quem for ao MECAInhotim também terá acesso a um bocado de shows incríveis. Começando pelos headliners: estão convocados Jorge Benjor, ícone de uma geração e um dos maiores artistas da música brasileira, Karol Conka, um dos principais nomes da nova cena musical nacional, e a rapper Tássia Reis, que já passou pelo nosso WME Sessions. Além deles, dois DJs de muito peso foram escalados para tocar no festival: Joakim (França), velho conhecido do Brasil, e Pional (Espanha), um dos DJ mais criativos a investir num som progressivo, ao lado do parceiro John Talabot.

Entre os shows ainda vão rolar as bandas Ventre, Terno Rei, MOONS, Lumen Craft, além da cantora Lia Paris. Nas day parties, DJs como Lucio Ribeiro, Guga Roselli, Carol Mattos, Belisa, Juliana Baldi, Filipe Raposo, Larissa Busch, entre outros, prometem nos fazer dançar.

Carol Mattos é uma das atrações imperdíveis das Day Parties do MECAInhotim
Carol Mattos é uma das atrações imperdíveis das Day Parties do MECAInhotim

Reconhecido radar da cena cultural global, ao longo dos seus sete anos de história, o MECA já trouxe ao Brasil bandas como AlunaGeorge, Charlie XCX e Two Door Cinema Club, entre outras, ao lado de nomes nacionais como Caetano Veloso, Liniker, Jaloo e Mahmundi.

Com uma duração maior, o MECAInhotim 2017 se estenderá por três dias, um a mais do que no ano passado. Um dos objetivos dessa edição é proporcionar ao público a experiência Inhotim, vivenciada nos acervos artístico, botânico e histórico-cultural. Mal podemos esperar!

Inhotim: beleza natural de tirar o fôlego somada a obras de arte impressionantes
Inhotim: beleza natural de tirar o fôlego somada a obras de arte impressionantes

Aberto ao público em 2006, o Inhotim é um espaço que combina, de forma única, arte contemporânea, jardim botânico e desenvolvimento humano. Localizado em Brumadinho, a 60 km de Belo Horizonte, o Instituto é um ambiente inovador e criativo que convida os visitantes a se relacionarem com o mundo de forma mais sustentável, consciente e transformadora. Atualmente o acervo de arte contemporânea do Inhotim possui cerca de 1.300 obras, 700 delas em exposição. Os trabalhos são de 265 artistas, sendo 75 brasileiros e 190 estrangeiros. Já o Jardim Botânico é composto por aproximadamente 4,5 mil espécies. Se estava faltando aquela empurrãozinho pra finalmente ir conhecer (ou voltar) ao instituto, o MECAInhotim surge como uma desculpa perfeita.

Os ingressos variam de R$ 40 (ingresso inteira, para a sexta à noite) a R$ 390 (passaporte inteira antecipado para os três dias) e estão à venda no site do MECA.

MECAInhotim
07, 08 e 09 de julho (sexta, sábado e domingo)
Endereço: Instituto Inhotim – Rua B, 20 – Centro, Brumadinho (MG)
Site: www.meca.love