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ANNA conta tudo o que usa pra fazer suas composições

Recém-premiada com o DJ Awards em Ibiza na categoria Revelação, a paulista de Amparo Ana Lídia Miranda chegou ao topo da carreira aos 31 anos. Vivendo há quase dois anos em Barcelona, a ANNA, seu aka como DJ e produtora, se firmou em 2016 como um dos nomes mais quentes do techno mundial.

No começo de 2016, ela se tornou a primeira mulher a vencer o prêmio nacional RMC (Rio Music Conference), premiada como melhor DJ – um baita prêmio se você considerar que no Brasil o gap de volume entre DJs/produtores homens e mulheres é gigantesco.

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Em 2015, ANNA foi uma das best sellers no Beatport e este ano seu passe ficou ainda mais quente, com lançamentos por selos bombásticos como Get Physical, Suara, Knee Deep In Sound, Exploited, Tronic e Terminal M.

Por essas e por outras, Anna foi escolhida pra inaugurar a nossa coluna Meu Estúdio, onde revelaremos os segredos dos estúdios de produtoras dos mais diferentes gêneros.

WME – Explique o seu setup, e fale sobre particularidades de alguns equipamentos que fazem parte dele.

ANNA – iMac 5K, monitores Adam A77X, interface de áudio RME Fireface 800, interface DSP UAD Octo Thunderbolt, compressor Warm Audio WA76, pre-amp Audient ASP880, Vermona Retorverb Lancet, Roland MKS80-Super Jupiter, DSI Tetr4, Access Virus TI, Moog Sub37, Arturia Microbrute, DSI Prophet 6, Roland Tr-8, Arturia Beatstep Pro, Elektron Analog Rhythm, Korg Volca Bass, Kork Volca Kick, Oberheim Matrix 6Boss DR-110, Alesis Microverb, microfone Audio Technica AT4033, Subpac S2, fone Focal Spirit Pro, Push 2, Eurorack Modular, VSTs ARTURIA V COLLECTION, FM8, Reaktor, Diva, Sound Toys bundle, UAD, H3000 da Eventide são os que mais uso.

Quando me mudei para a Europa, tive a oportunidade de dar um bom update no meu estúdio, pois os equipamentos são bem mais baratos que no Brasil. Eu comprei alguns instrumentos, sintetizadores e drum machines novos, mas meu investimento maior foi em equipamentos como pré-amplificador, compressor, reverbs, novos monitores.

Umas das coisas de que mais gostei foi a drum machine Analog Rythm, ela é um workstation completo com sequencer, tem diferentes tipos de síntese, é maravilhosa para fazer beats, basslines, melodias, e o som dela é incrível. Eu tenho feito meus beats só com ela e TR-8 e sempre que quero um timbre mais diferente eu vou nela.

O Beatstep Pro é outro investimento que vale a pena, ele tem características interessantes, que me ajudaram com a criatividade, eu uso muito o modo random com fixed scale, eu não sou música, não toco nenhum instrumento, então isso me ajudou a fazer umas melodias mais elaboradas.

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WME – Como é o seu workflow (fases de composição e gravação, arranjo, corrente de processamento de sinal etc…)?

ANNA – Sempre que eu estou em casa, estou no estúdio, estou tocando bastante. Quase não tive tempo, no verão em especial, pra ir pro estúdio, então todo o tempo que eu tenho eu priorizo o trabalho lá. Às vezes vou com uma ideia pronta, e o trabalho é mais rápido. Geralmente crio todos os elementos e depois faço o arranjo. Não uso loops na minha música, já usei, mas faz um bom tempo que não uso sequer um loop, de nenhum tipo, eu gosto de criar tudo, do kick ao EFx, pra ter timbres mais característicos.

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Depois de montar a estrutura toda eu gravo os instrumentos, pois gosto de ter a música pronta pra automação sair mais dinâmica e contextualizada, a não ser que seja um instrumento que não irei automar, aí eu já gravo quando termino de fazer o timbre. Depois de gravados, eu processo cada elemento pra deixar o som mais com a minha cara. Uso o compressor e filtros externos, mas também bastante plugins, pra tudo ficar soando melhor e mais característico também. Durante a criação eu não me preocupo muito em deixar cada elemento soando perfeito, essa parte deixo para a etapa da mixagem, senão acabo passando muito tempo em cada elemento e isso atrapalha um pouco o flow, eu trabalho em cada elemento o suficiente para eles soarem ok, minha maior preocupação durante a criação é fazer a música fluir.

WME – Qual o seu maior sonho de consumo em equipamentos ou ferramentas e por quê?

ANNA – Eu queria ter o compressor Shadow Hills, uso o plugin em todos os projetos e ele melhora o som incrivelmente, fica tudo mais quente e ele encaixa melhor os elementos, fora que ele é maravilhoso esteticamente, e eu adoraria tocar aqueles botões. Também gostaria de ter a 808 e a 303 originais, nada muito impossível.

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WME – Onde e como você começou a trabalhar em estúdio? Explique um pouco o seu processo de aprendizagem e trajetória.

ANNA – Desde que comecei, me interessei por produção. Eu ficava procurando cursos pra fazer, mas não cheguei a fazer nada além de baixar o Fruit Loops e ficar mexendo no computador. Em 2008, quando me mudei para a República Tcheca com meu atual namorado [O DJ Wehbba], que é um engenheiro e produtor incrível , ele me disse “agora você vai aprender”. Ele comprou o Ableton pra mim, me ensinou tudo o que sei e me ensina até hoje. Naquela época ele trabalhava em um estúdio durante o dia, e eu ficava em casa com meu notebook, no Ableton aprendendo e descobrindo, fazendo beats e tentando fazer música.

Quando ele chegava em casa, ele ouvia e me ensinava mais. Lancei minha primeira track em 2008, era um monte de loops, horrível, mas desde então não parei mais. Ver o Wehbba trabalhar esses anos todo me ajudou muito, eu acho que pulei muito tempo do que se ficasse tentando descobrir sozinha, mas mesmo assim foram quase 9 anos de aprendizagem e experiência de estúdio pra poder chegar onde estou hoje, para minha música ter reconhecimento de grandes selos e artistas. A aprendizagem e estudo são diários, minha música não é a mesma e não soa como soava há um ano atrás. Todos os dias saem tecnologias novas, e é sempre bom estar por dentro pra poder incorporá-las à sua música, e também aplicar o que você ja tem de modo diferente.

WME – Quais as ferramentas ou características que você considera mais importantes em um estúdio?

ANNA – Depende, se você esta começando e quer aprender, e quer saber o que precisa pra começar a produzir e não tem dinheiro para investir, eu diria um computador e um bom fone, uma boa referência para saber como tudo está soando com mais fidelidade. Se tiver um pouco mais, uma placa de som também. Você consegue fazer tudo com o Ableton, por exemplo, e só com os plugins dele mesmo. Mas, se você já ganha dinheiro com música ou tem dinheiro para investir, eu diria que uma boa acústica é essencial, placa de som, monitores de referência, de preferência dois, para poder comparar, um bom computador para você conseguir carregar bastante (plugins), bons pré-amplificadores se for gravar instrumentos, e também é importante que a corrente elétrica seja boa pra você não ter interferências e ruídos. Acho que pra mim isso seria o mais importante, o resto eu acho que é mais particular como sintetizadores, compressores, efeitos, VSTs etc.

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