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Projeto SÊLA é uma aliança entre as mulheres do mercado da música que estreia com festival

O simples exercício de se colocar no lugar da outra pessoa resultou numa iniciativa incrível para as mulheres que trabalham na/com/para a música. Trata-se da SÊLA! Já chamaram o projeto de selo, festival, evento, plataforma…. calma que a gente explica! A SÊLA é uma aliança entre cantoras e mulheres envolvidas no mercado musical, tendo como uma de suas primeiras ações um festival.

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Entre os dias 1 e 5 de fevereiro, a programação de shows, discotecagens e debates se espalha entre o Centro Cultural São Paulo, a Breve e O Lourdes. Tiê, Tássias Reis e As Bahias e a Cozinha Mineira são apenas algumas das representantes poderosas que sobem ao palco. Lá embaixão, você confere a programação completa, mas, antes, dá uma olhada no papo que o WME bateu com a cantora e compositora paulista Camila Garófalo, que é a idealizadora e articuladora da SÊLA.

WME – O nome SÊLA vem de “ser ela”, “se colocar no lugar da outra”. Em que momento você se colocou no lugar de alguém e vislumbrou a SÊLA?

CAMILA GARÓFALO – O conceito do que é a SÊLA já foi muito discutido, mas ainda foi pouco explicado. Acontece que comecei a me relacionar – amigavelmente e profissionalmente – com outras cantoras e compositoras. A troca entre a gente me fez perceber que muitas de nós passamos pelos mesmos dilemas e não compartilhamos as informações. Por exemplo, a cantora Ana Aggio foi em um show meu e me fez perguntas sobre o processo da gravação de um disco. Rolou uma troca, falei da minha experiência, da maneira como muitas cantoras acabam “reféns” dos produtores. No meu primeiro disco, eu não comentei muito sobre a produção. Agora, no meu clipe da música Camarim eu tive mais autonomia para dizer o que queria. Não é que você não pode ter um produtor homem, mas você tem que saber se impor. Isso pra dizer que esse conceito de se colocar no lugar da outra surgiu exatamente para ter troca de informação, o que resultou em uma aliança: a SÊLA.

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Tássia Reis, As Bahia e a Cozinha Mineira e Tiê são algumas das atrações do festival SÊLA

WME – E qual o principal objetivo da SÊLA?

CAMILA GARÓFALO – A gente até tem pretensão de ser um selo, mas não temos como suprir essa demanda agora. Vamos começar com ações coletivas. A primeira ideia foi o festival. Depois, queremos evoluir para selo, mas temos que amadurecer. Estamos nos colocando como essa aliança.

WME – Algumas iniciativas têm surgido do meio do ano passado pra cá. A SIM São Paulo instituiu que 50% da sua programação seria composta por mulheres, a Claudia a Monique criaram o WME, vocês surgiram com a SÊLA. Acha que teve alguma coisa específica que desencadeou essas iniciativas?

CAMILA GARÓFALO – Acho que essas iniciativas são reflexo do que a gente viveu no ano passado. Ter uma presidente eleita e ter a frustração dela não poder governar… Isso, pelo menos para mim, teve muito impacto. Eu acredito que ela foi tirada da posição por ser mulher. Outra coisa pontual foi a denúncia de abuso contra o Feliciano, que nada mais é a palavra de uma mulher contra a palavra de um “homem poderoso”. São assuntos que precisam ser tocados. Conforme as mulheres vão falando e compartilhando as suas experiências e situações, vamos nos sentindo mais fortes. Quando teve a denúncia contra o Feliciano, os movimentos feminista e LGBT que deram apoio. Por isso, essas alianças foram surgindo. A rivalidade entre as mulheres foi algo vendido ao longo dos anos. É preciso desconstruir isso.

WME – Além do festival, quais são as outras ações que devem deixar a SÊLA ativa ao longo do ano?

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A cantora Camila Garófalo pensou em criar uma aliança entre mulheres a partir de conversas com outras cantoras

CAMILA GARÓFALO – Ainda estamos planejando, mas temos várias ideias, entre elas festivais divididos por gêneros musicais, como um SÊLA instrumental ou um SÊLA sertanejo. Também queremos levar essa aliança para outras cidades, existe a possibilidade de ter um espaço no Dia da Música e também uma coletânea com uma seleção de cantoras.

WME – Acha que havia uma demanda por uma iniciativa como a SÊLA?

CAMILA GARÓFALO – Quando eu cheguei na Semana Internacional de Música de São Paulo (SIM SÃO PAULO), que foi onde anunciamos o festival, a SÊLA sé existia há dois dias. A partir do momento que coloquei o crachá da SIM no pescoço (com o nome da SÊLA nele), assumi que estava trabalhando pra essa ideia. Na própria SIM, muita gente me parou no corredor para falar que era uma iniciativa legal; teve gente que se colocou à disposição para tocar e estar junto. A quantidade de cantoras que entraram em contato foi impressionante.

WME – Na programação do festival, tem espaço para As Bahias e a Cozinha Mineira, que tem as trans Assucena Assucena e Raquel Virgínia nos vocais. É algo bastante representativo…

CAMILA GARÓFALO – Achei genial a presença delas no festival. Lutamos muito para ter a presença delas, justamente pela representatividade. Talvez a SÊLA tenha sido um dos primeiros convites do meio que as abraçou como mulheres. Não é questionar o gênero, são mulheres. Claro que elas têm de estar em eventos de visibilidade trans, é extremamente importante. Mas a partir do ponto que também estão em um festival de mulheres, existe uma legitimização.

Confira a programação completa e o serviço do Festival SÊLA:

SÊLA @ Breve
Demandas Lôca do Play no Festival Sêla
Data: 1 de fevereiro
Local: Breve. Rua Clélia, 470, Pompeia
Programação:
19:00 | Bate-papo: “Paradigmas da mulher na música” com artistas da cena independente da música: Drika Oliveira, Manallu, Silvia Sant’Anna, Nina Oliveira e Amanda. Mediadora: Cris Rangel
22:00 | Show: Anna Tréa.
23:20 | DJ set: Juli Baldi
Ingressos: R$ 15 (antecipado) | R$ 20 (na porta).

SÊLA @ O Lourdes
Data: 2 de fevereiro
Local: O Lourdes. Rua da Consolação, 247, Loja 8
Programação:
20h | DJ Luana Hansen + Érica + SANNI (Alemanha) e Amanda Mussi (DJ set)
Ingressos: R$ 15 (na porta)

SÊLA @ Centro Cultural São Paulo
Local: CCSP. Sala Adoniran Barbosa. Rua Vergueiro, 1000, Paraíso
Programação:

3 de fevereiro, a partir das 19h:
– abertura: LaBaq + Marina Melo (+ Mel Duarte)
– show: Tássia Reis
Ingressos: R$ 15
Venda

4 de fevereiro, a partir das 18h:
– abertura: Sara não tem nome + Camila Garófalo
– show: As Bahias e a Cozinha Mineira
Ingressos: R$ 15
Venda

5 de fevereiro, a partir das 19h:
– abertura: Natália Matos + Sandyalê
– show: Tiê
Ingressos: R$ 15
Venda

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