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Produtora Luisa Puterman, atração do Dekmantel SP, fala sobre os equipos de seu estúdio

Quem se liga nos line-ups de festas de música eletrônica já deve ter trombado com o nome de Luisa Puterman nos últimos tempos. Escalada para o festival holandês Dekmantel, cuja edição paulistana acontece dias 4 e 5 de fevereiro, Luisa é produtora musical e sound designer cujos projetos exploram histórias, possibilidades, problemas e outros aspectos sobre composição e percepção sonora.

Ela estudou piano, entre outros instrumentos, e se graduou em história da arte pela PUC para depois se especializar em engenharia de áudio no IAV. “Som é um elemento central capaz de expadir conexões entre conteúdos científicos, filosóficos, místicos e cotidianos”, diz a produtora, que trabalha com som de forma interdisciplinar em projetos de cinema, publicidade, dança, instalação, performance e composição. Nos últimos anos participou de festivais, residências e exposições como o FILE, em São Paulo, Japan Media Festival, em Tóquio, FIVAC, em Cuba, Red Bull Music Academy, em Paris, OneBeat, nos EUA, Festival Primavera Fauna, no Chile, entre outros.

Conversamos com Luisa sobre os equipamentos que compõem seu estúdio de produção. “Esse lance de equipar um estúdio é um processo longo, infinito na real”, ela define. Saca só.

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WME – Explique o seu setup, e fale sobre particularidades de alguns equipamentos que fazem parte dele.

Luisa Puterman – Meu setup varia um pouco entre o que uso no palco e o que o uso no estúdio de fato. MPC AKAI XR20; pedais; Roland (expandable synthesizer) XPS-10; violão; guitarra; baixo; teclado M-Audio 88 controlador; Logic Pro X; Pro Tools 10; Focusritte i818; Microfones, Mixer Behringer XENYX ; Ipad; Korg Gadgets; Animoog app; monitores KRK 5, monitore Samson ROSOLV 80a; fone audio-technica ATH-M30x e umas outras bugigangas…

Na verdade meu setup é bem básico se for comparado à maioria dos estúdios que vejo por aí. Fui reunindo esses equipamentos de maneira meio aleatória ao longo dos anos e muitas vezes não há uma razão específica de eles estarem aqui. Esse lance de equipar um estúdio é um processo longo, infinito na real e particularmente muito caro. Gosto muito do XPS10 da Roland, é bem instigante poder trabalhar com ele. Além de ser leve/portátil ele é muito versátil. Possui vários timbres e inúmeros parâmetros ligados a envelopes, espectros de frequência e sequenciadores. Uso primordialmente o Logic X como DAW e tenho explorado bastante os plug-ins da Izotope. Também possuo um banco generoso de sound effects, ambiences e field recordings, que apesar de não serem equipamentos são materiais sonoros que se bem manipulados/processados podem gerar resultados interessantes. Os aplicativos de Ipad também são boas ferramentas. Eles são capazes de emular muitos sintetizadores e drum machines que normalmente custam milhares de dólares. Além de ser um dispositivo portátil na maioria dos casos você pode exportar os áudios em alta qualidade. Ah, e claro, o flashback delay da TC electronic é um pedal foda! Vários modos, possibilidades de timbres e um design intuitivo. Acho bom quando os equipamentos são portáteis, pois dá para rearranjar o setup facilmente e às vezes também até levar o estúdio para viajar por aí, coisa que faço com bastante frequência.

WME – Como é o seu workflow (fases de composição e gravação, arranjo, corrente de processamento de sinal, etc…)?

Luisa Puterman – Meu workflow depende principalmente da natureza do projeto. Trabalho muito com trilha sonora e sound design no dia a dia. Dança contemporânea, cinema, publicidade, teatro, instalação sonora, cada disciplina requer um workflow diferente. Mas em geral eu saio tocando o que está ligado ou o que está na frente. Gosto muito de tocar… daí as ideias começam a se organizar e dependendo da referência dos clientes, parceiros ou do que estou em busca ou em pesquisa naquele momento vou seguindo um caminho natural de sobreposição de ideias. Normalmente saio gravando tudo o que me vem na cabeça, tipo 100 tracks até o processador travar e depois vou organizando a sessão. Mas às vezes também fico horas só no piano/teclado para achar uma harmonia. Ou as vezes parto de um sample/SFX e vou construindo em cima dele. Enfim cada vez mais me interesso por modos distintos de composição e produção e essas coisas dependem muito do projeto, das pessoas e mídias envolvidas e do prazo, claro…

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WME – Qual o seu maior sonho de consumo em equipamentos ou ferramentas e porque?

Luisa Puterman – Ando me interessando bastante pelo mundo dos modulares, acho que tá no topo da lista atualmente. Seria massa poder explorar esse território. Acho que os modulares te apresentam outros modos de compreensão sonora, de relação mesmo com a ciência do som e da relação homem-máquina. Seria bom também ter uns periféricos analógicos para poder ampliar as possibilidades de gravação, mixagem e masterização: uns EQs, exciters, compressores etc… Acho que seria massa poder mesclar o analógico com o digital em todas as etapas de produção.

WME – Onde e como você começou a trabalhar em estúdio? Explique um pouco o seu processo de aprendizagem e trajetória.

Luisa Puterman – Comecei como autodidata quando tinha uns 15 anos, foi quando ganhei um Mac de aniversário. Como sempre estudei música e cresci tocando/compondo, foi com o Garage Band que comecei a explorar de forma bem ingênua as possibilidades de gravação e produção. Lembro de fazer uma trilha bem tosca para uma performance de dança ainda no Garage Band quando tinha uns 17 anos, um dos primeiros jobs. Naturalmente isso foi evoluindo e passei para o Logic, comecei a produzir bastante coisa MIDI, manipulação de sample e outros territórios eletrônicos.

Daí na verdade fui estudar história da arte na faculdade e piano no conservatório. Foi só depois da faculdade que fui de fato estudar engenharia de audio no IAV em São Paulo. Me formei lá no curso intensivo e fiz outros cursos de mixagem e masterização lá também. Cheguei a trabalhar um pouco com P.A e show, mas gostava mais da vibe de estúdio. A essa altura minha obsessão por arte e música foi se esparramando para os conhecimentos de áudio e engenharia. Flertei com vários estágios em estúdios de áudio de pós-produção de cinema e publicidade, mas a real é que esse mercado e panelinha de estúdio são bem fechados e não consegui entrar em algum lugar para trabalhar – além de também querer uma certa liberdade de tempo para tocar os projetos autorais. Então em paralelo a isso foram aparecendo projetos de trilha e sound design – e aos poucos foi rolando, fui equipando meu estúdio e acabou que tenho feito as coisas assim desse jeito.

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WME – Quais as ferramentas ou características que você considera mais importantes em um estúdio?

Luisa Puterman – Nossa, difícil essa pergunta, pois acho que do jeito que o mercado de produção musical anda hoje em dia acho que em primeiro lugar seu estúdio tem que ser financeiramente coerente, pois infelizmente só ouço histórias de estúdios com dificuldades. Tenho pensado muito também que não existe um estúdio ideal. O estúdio no fim das contas é um reflexo de quem trabalha nele, uma extensão do corpo, então é uma coisa muito pessoal. Talvez o mais importante seja a vibe do lugar, essas coisas de energia. Você tem que se sentir bem no lugar pois as sessões de produção/mixagem são geralmente muito longas e na verdade música é para ser um lance legal e divertido no fim das contas. Mas, claro, um bom computador é essencial! Evita muito estresse e contratempos desagradáveis no cotidiano de um estúdio.

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