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Luísa Viscardi e Rizza Boo, da Jambox, transformam festa de turntablism em agência de DJs e e-commerce

Você sabe o que é turntablism?

A arte de criar novos sons e músicas a partir dos toca-discos ganhou novos rumos no Brasil, quando Luísa Viscardi e Rizza Boo se uniram para criar a Jambox. Juntas, elas trouxeram pra cá alguns dos principais DJs do segmento e deixaram a sua marca em um terreno onde poucas mulheres circulam.

Luísa e Rizza se conheceram durante um Boiler Room, na área de fumantes, trocando elogios sobre roupas. Quem diria que um papinho tão girlie fosse render uma das festas mais originais de São Paulo e do Brasil.

Rizza Boo é fotógrafa, vegana, yogi e se embrenha no mundo da música desde os seus 22 anos. Começou promovendo o after do D-Edge, o Paradise, criou junto com seu ex-namorado, Mauro Farina, a Free Beats e hoje é uma das partes da Jambox.

Luísa trabalhou na equipe de estilo de algumas marcas como Gloria Coelho e MCD, mas foi na música que se descobriu, como DJ e agora empreendedora do meio.

A Jambox foi uma ideia inicial da Rizza que inscreveu o projeto no Proac com a intenção de contar com a ajuda financeira de marcas para divulgar o turntablism no Brasil. “Escrevi o projeto no meio do Burning Man para não perder o prazo, porém, depois de aprovado, me vi sem braços suficientes para tocá-lo sozinha”, conta. Foi aí que ouviu na área de fumantes que Luísa trabalhava na MCD, uma das marcas que ela tinha imaginado que teria interesse em patrocinar a Jambox. Contatos trocados, Rizza mandou o projeto para Luísa, que por sinal já havia saído da empresa, a fim de se dedicar à carreira de DJ e com isso ganhou uma parceira de negócios e da vida, pois viraram amigas/sócias. “Foi realmente um encontro de almas num momento de transição das duas”, define Luísa.

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As estilosas do rolê turntable: Luísa Viscardi e Rizza Boo, da Jambox

De lá pra cá, o projeto já trouxe para o Brasil ninguém menos que Jazzy Jeff, Grand Master Flash, Craze, Scratch Bastards, Kentaro, Hedspin, Z-trip entre outros. Além disso, a dupla catapultou nomes nacionais como o dos DJs Nedu Lopes e Cinara, figuras carimbadas do campeonato mundial Thre3style, patrocinado pela Red Bull, mas que por aqui não tocavam com tanta frequência.

O projeto, que tem três anos desde sua concepção e dois de eventos, deve ter rodado a maioria das agências e marcas de São Paulo. “Ralamos muito, as pessoas não entendiam o que era turntablism e muito menos por que associar a sua marca a um evento desse tipo”, conta Rizza. “A gente explicava que era baseado no hip hop, mas que abrangia outros estilos e mesmo assim, nada”, completa Luísa.

A oportunidade apareceu quando a marca de vodca Absolut resolveu apostar nas meninas quando elas simplesmente prometeram trazer um DJ que nunca tinha vindo ao Brasil, considerado dificílimo por conta da sua agenda lotada e caro, ninguém menos que Jazzy Jeff.

Ponto pra elas, que trouxeram e fizeram uma megafesta de inauguração do projeto, com Jazzy Jeff encantando a todos com a sua acessibilidade, repertório totalmente free style e claro, os scratches e estripulias mil com os toca-discos.

“Além da casa lotada, nunca vimos tantos DJs na pista como nesse dia. Tinha DJ de todos os estilos lá pra ver o cara”, comenta Luísa. “Como não sabíamos se ia rolar tudo conforme o planejado com a Absolut, já tínhamos bookado o inglês Angelo para a nossa estreia. Acabamos mantendo essa apresentação, o que nos fez gastar toda a nossa verba. Terminamos a festa sem um puto, mas bem felizes de termos começado tão bem”, comemora Rizza.

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Jambox no Superloft: muita gente legal e uma turma de DJs na plateia

A luta para continuar o projeto estava apenas começando, pois mesmo com a chancela do Proac, as marcas continuavam em cima do muro. O jeito foi fazer na raça e com a ajuda do Superloft, clube onde rolaram todas as edições da Jambox.

A segunda edição com o canadense Hedspin e com o inglês Pogo não foi bem e começou a acender uma luzinha na cabeça das meninas com a relação ao formato da festa e como fariam para fomentar a cultura do turntablism.

Mas logo ali na curva, elas cruzaram com a marcas TNT e Desperados, que acreditaram no projeto, fazendo com que elas trouxessem para o Brasil a lenda: Grand Master Flash. “Foi o booking mais difícil das nossas vidas, sem dúvida. Tivemos que procurar uma empresa em NY que fosse até a casa dele, fazer foto para o visto. Ele tentou cancelar a gig dias antes, dizendo que estava com dor no ombro, o vôo foi cancelado duas horas antes do embarque. Quando ele chegou no Brasil, a gente nem acreditava”, conta Luísa.

E ele também não deve ter acreditado, pois a primeira pergunta que fez quando deu de cara com as duas no aeroporto foi: “São só vocês duas?”. Quando elas afirmaram que sim com a cabeça, Grand Master completou com um: “demais!”.

Grandmaster Flash na Jambox

E a gincana com o DJ não parou por aí. “Ele ligava à noite pedindo carregador de computador, quando a gente tava no meio do caminho, ligava de novo dizendo que não precisava mais. Tive que levá-lo ao consulado para colocar folhas extras no passaporte. Mas, no fim da jornada, ele que era super criterioso para comer, já estava até provando brigadeiro”, conta Luísa. “Acho que nosso jeito feminino, carinhoso e cuidadoso desarmou o cara”, completa Rizza.

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Grandmaster Flash chegou meio cabreiro e saiu encantado com as meninas

A vinda de Grand Master Flash deu mais um gás à dupla, que seguiu fazendo suas festas com um apoio aqui e ali, que não cobriam os custos de trazer uma atração internacional, ainda mais nesses tempos de dólar e euros bicudos.

Além das festas, Rizza e Luísa começaram a promover workshops sob a marca Jambox, conectando DJs nacionais com o público que tinha interesse em conhecer o turntablism fora das festas e com a chance de por as mãos na massa.

“Os workshops serviam para que mais pessoas entrassem em contato com essa cultura. Não era focado em grana. Não ganhávamos nada, mas pra gente, o verdadeiro valor estava em receber as pessoas com um brilho no olho pela chance de ter um papo com o KL Jay, por exemplo”, entrega Luísa.

Para este ano, as meninas decidiram transformar a Jambox em agência de DJs, conteúdo, curadoria e e-commerce. “Entre março e abril lançaremos um novo site com todas essas novidades, que estamos contando pra vocês em primeira mão”, antecipa Rizza. “Sinto que em 2016 tentamos fazer tudo e acabamos não fazendo nem metade do que gostaríamos, portanto estamos quietinhas agora, só preparando tudo para lançar de uma vez só”.

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Uma prévia de peças que estarão à venda no e-commerce da Jambox

O casting da agência ainda esta em aberto, mas já conta com Nedu Lopes, Cinara, Soares, Nuts e a própria Luísa. “Estamos procurando bandas e rappers também, porque não será somente uma agência de DJs”, sinaliza Rizza. A parte de conteúdo será focada na cultura urbana, sempre mais voltada ao público do hip hop e suas vertentes.

“Pretendemos transformar o site da Jambox em um local de pesquisa. Além disso, será um espaço aberto para pessoas que quiserem escrever, dar sua opinião, contar sobre uma festa legal. Não teremos editores fixos”, conta Rizza.

A parte de curadoria e relações públicas foi algo que surgiu no ano passado sem elas mesmas terem pensado nisso. As marcas que já conheciam o projeto começaram a chamá-las para fazer lista de convidados para seus próprios eventos. “Fizemos algumas festas para marcas como Reebok e Desperados em que chamamos os nossos amigos e pessoas que frequentam a Jambox, como b-boys e grafiteiros, ou seja, uma galera com quem nos identificamos, que não vão a eventos pra fazer carão e sim se divertir”, contam as meninas.

O retorno foi tão positivo que as meninas resolveram incluir esta função na agência Jambox.
E pra finalizar, a menina dos olhos de Luísa: o e-commerce. “Será uma mistura do meu estilo com o da Rizza, traduzido em peças que não achamos no Brasil. Neste primeiro momento venderemos uma seleção de coisas que compramos na gringa, mas a intenção é testar o público e ver o que pega para produzir por aqui. Estou animada pra voltar a trabalhar com moda dentro do que acredito”, diz.

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Mais um look que estará à venda no site Jambox

As festas estão de fora dos planos no momento. “Temos mais dois projetos aprovados no Proac, mas só vamos em frente se aparecer grana, porque na segunda-feira a conta chega. Não ficamos felizes de falar isso, mas ninguém esta disposto a pagar pra ver coisas diferentes”, pondera.

“A cultura do VIP deixa a gente quebrada, a conta não fecha. Os custos para produzir um show internacional são enormes e se não contamos com a bilheteria, mesmo com marcas patrocinando, muitas vezes a conta não fecha. As pessoas têm que colaborar comprando o ingresso e fortalecendo, é a única maneira de continuarmos realizando”, diz Luísa.

A fama das meninas entre os DJs gringos até ajuda na hora de negociar cachês mais amigos, mas a falta de público pagante, não resolve a equação. “Eles piram com a gente. Quando um DJ de hip hop tem flores no camarim? No nosso tem”, conta Luísa. “A gente escreve bilhetinho de agradecimento de próprio punho pra entregar junto com o cachê. Sem contar os kits de boas-vindas, que deixamos nos quartos dos hotéis com guaraná e paçoca”, completa Rizza. Com tanto mimo, comprometimento e principalmente profissionalismo quem não quer vir ao Brasil, não é mesmo? “Agora só falta o público se ligar que pra rolar tem que pagar”, fecha Rizza.

Mas o ano esta só começando e nós do Women’s Music Event ficaremos de olho na Jambox, torcendo para que as meninas consigam expandir ainda mais seus horizontes.

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